Os primeiros Produtores foram Marley Marl e L L Coll J, que começaram por “samplear” os discos que tinham à mão, nomeadamente as colecções de discos dos pais que. Os primeiros samplers tinham uma memória curtíssima, de apenas alguns segundos, e por isso os samples usados até mais ou menos 1988/89 eram sempre curtos e incisivos, porque a tecnologia não dava para mais. Mas a partir dos anos 90, com a crescente popularização da revolução informática (e os samplers são, basicamente, computadores), os samplers começaram a vir munidos de maior capacidade de memória e por isso permitiam a utilização de loops maiores e de mais camadas de samples.
Para terem material para “samplear” os Produtores rapidamente esgotaram as coleções dos pais e tiveram que começar a procurar os seus próprios discos. Quanto mais raros melhor: um disco que tivesse sido editado em 1969 e do qual só se tivessem fabricado 500 cópias numa pequena cidade do Texas teria menos possibilidades de ser descoberto por um advogado de direitos de autor em Nova Yorque do que um álbum de um artista muito popular que tivesse vendido muitos milhões. Para evitar os processos de direitos de autor que começaram a surgir no início dos anos 90, os produtores tiveram que mergulhar bem fundo nas lojas de discos para encontarem discos obscuros que ninguém conhecesse e que pudessem samplar à vontade. Há quem chame a essa actividade o 5º elemento do Hip Hop e várias crews fazem disso o seu estilo de vida, que chamam de cultura Diggin.
Portanto, armado com uma MPC ou com um computador pode-se começar a produzir. Mas um Produtor não pode ser apenas alguém que domine o lado técnico da questão (saber como mexer no sampler ou nos programas de computador): tem também que saber o que está a samplear para melhor dar a volta aos sons que sampleia. Produtores como Pete Rock, Diamond D, Dr Dre ou DJ Premier, por exemplo, são autênticas enciclopédias no que os discos diz respeito. Discos de funk, claro, mas também de jazz, soul, rock, música brasileira, indiana ou qualquer outro tipo de música que faça sentido samplear.
Procurar discos antigos em segunda mão é uma actividade tão importante para um bom produtor como aprender a dominar a sua ferramenta de edição, seja ela a MPC (sampler da fabricante Akay) ou qualquer outro sampler em hardware como é o caso do descendente da SP 1200 , a máquina usada por muitos Produtores, ou o computador e os seus samplers em software.
No lado técnico há várias questões a considerar: fazer apenas um loop de uma malha de guitarra ou uma melodia de piano é demasiado simples. Um bom produtor, como DJ Premier, por exemplo, aprende a dar a volta a essa questão, inventando novas formas de samplear, cortando os sons de um loop e reorganizando-os de outra forma. DJ Premier foi um dos pioneiros desse estilo de produção conhecido por chopping (cortar). Um produtor tem que procurar sempre soluções inesperadas, seja por samplear um instrumento que ninguém estava à espera que fosse sampleado ou por samplear um loop bem conhecido e dar-lhe uma volta diferente, programando as baterias (que normalmente obedecem ao tempo 4/4) de forma invulgar, enfim quebrando as regras. Um Produtor é um verdadeiro músico, que conhece e entende a música, que a recria usando técnicas que só os verdadeiros músicos poderiam entender.
Claro que nos últimos anos surgiram, para evitar as leis de direitos de autor , vários produtores que em vez de samplearem discos antigos tocam eles mesmos as suas melodias ou ritmos.
@djjoh189
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